mariaturbino.com.br

 

Desde que Freud inaugurou a psicanálise, possibilitando uma perspectiva de escuta a suas histéricas, para além de um corpo que se mostrava em sofrimento, o que se modificou em torno dessa dor psíquica?

Vale ressaltar que, para Freud, a psicanálise era uma psicologia. Ele afirmou: “Psicanalise é o nome de um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo; um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos; e uma série de concepções psicológicas obtidas por esse meio, e que gradualmente se acumulam para formar uma nova disciplina científica.” (Freud, 1923.)


Transcorridos pouco mais de cem anos da inauguração da psicanálise, ainda reverbera a questão sobre quais transformações se ocasionaram, no transcorrer deste século, no modo como é apreendido o sofrimento psíquico e qual é atualmente o regulamento da direção da cura na psicanálise.


Sobre esse tema, Freud revela que o sintoma tem a ver com a vida de quem o produz e que o sofrimento…
Freud aborda em seu artigo sobre o mal-estar na cultura que o recalque das pulsões para conviver em sociedade está na origem dos sintomas da neurose. Desse modo, o sintoma é social e não está separado daquilo que também constitui o indivíduo.

O que a pessoa produz como sintoma é fruto do tempo e do meio em que vive, pois ela está inserida neste contexto. Suas produções sintomáticas não estão dissociadas do seu universo cultural, histórico e temporal. O sintoma deve, então, ser compreendido como sintoma na cultura.

As psicopatologias da modernidade (depressões, ansiedade, pânico…) precisam ser analisadas na relação complexa do sujeito com o universo, o mal-estar na cultura. Freud as interpretava considerando o contexto sócio-histórico-cultural.